A maioria dos deputados goianos só pretende votar a favor da reforma da Previdência, caso modificações sejam feitas no texto. Dos 17 parlamentares do Estado, 11 afirmam que uma reforma é necessária, mas ressaltam que, da forma como está atualmente, o projeto não deve ser aprovado na Câmara Federal.

 

O projeto começa a ser analisado hoje pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Casa, em sessão que ouvirá o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o tema. Para a quinta-feira (28) está previsto debate sobre o texto com juristas na Comissão.

 

A maior parte das críticas dos deputados goianos diz respeito às novas regras para trabalhadores rurais e ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). O texto prevê, por exemplo, proibição para que um trabalhador rural se aposente por idade sem nunca ter contribuído. Serão necessários, no mínimo, 20 anos para conseguir se aposentar.

 

Francisco Júnior (PSD) diz que “vários itens precisam ser mudados.” “Vejo com muitas ressalvas. Tem que dar uma melhor solução para o trabalhador rural e a regra de transição precisa ser mais aprimorada para que tenhamos uma transição mais benéfica a quem está mais perto de aposentar.”

 

Alcides Ribeiro (PP), o Professor Alcides, afirma que há uma série de pontos que não podem ser aprovados. “Em relação aos trabalhadores rurais, o governo precisa arrumar uma saída. Se for necessário, colocá-los na pasta que trata do social. Se não for assim, a conta da previdência nunca vai fechar.”

 

Para ele, “pesa a situação dos professores”. “Tudo bem aumentar a idade para que trabalham com adultos, mas, para aqueles que trabalham com crianças, é inviável. Fora isso, essa questão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) de R$ 400, também sou contra.”

 

O BPC também é citado por José Nelto (Podemos), Célio Silveira (PSDB), José Mário Schreiner (DEM) e Flávia Morais (PDT), a única entre eles a declarar que votará contra a reforma. Atualmente, o valor do BPC é o do salário mínimo (R$ 998) e é pago a partir de 65 anos. Pelo texto da reforma, passa a ser pago aos 60 anos com um valor de R$ 400, igualando-se ao salário mínimo apenas aos 70 anos.

 

Levantamento do jornal O Estado de S.Paulo aponta que pelo menos 180 dos 513 deputados federais se declaram dispostos a aprovar a reforma, desde que haja mudanças no texto final.

 

CONTRA

Três deputados goianos se declaram contra a reforma. Flávia Morais diz que, para ser aprovada, a reforma “tem que mudar demais” e cita como motivos para seu voto contrário a forma como a reforma “trata o idoso, a pessoa com deficiência, o professor, a mulher e o trabalhador rural”. Já Rubens Otoni (PT) relata que “não há como fazer remendo a essa proposta”.

 

Segundo o petista, o texto atual “acaba com o sistema de Previdência Social do País e abre um novo, que o seria de capitalização”. “E isso é prejudicial à população”, garante. Elias Vaz (PSB), por sua vez, afirma que “o projeto é duro com quem ganha pouco” e ressalta a falta de diálogo com o Congresso Nacional.

 

militares

Após série de crises envolvendo a reforma da Previdência, ontem, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está disposto reforçar a articulação por sua aprovação, se reunindo, por exemplo, com os presidentes de partidos e lideranças.

 

Contudo, o texto da Previdência geral não deve ser o único alvo de embates. Isso porque a previdência militar também deve demandar diálogo. É o que apontam Adriano Avelar (PP), Glaustin da Fokus (PSC), Alcides Rodrigues (PRP) e o líder do PSL, Waldir Soares, o Delegado Waldir. “As garantias dos militares precisam ser dadas também às demais categorias”, diz Waldir.

 

A reportagem não conseguiu contato com Lucas Vergílio (Solidariedade), Magda Mofatto (PR) e com o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL). Este, porém, já afirmou ser a favor das reformas na imprensa.

 

Fonte: O Popular